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Aqui é o cantinho reservado para as publicações dos nossos autores.
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CUNVERSÊ NO BECO

‘Minha função, como editora,é transformar o imaginário no vivido e acreditar que não existe nem o sempre nem o nunca.Tudo que foi pensado pode ser realizado.’

                                                                     Miriam de  Sales

Muitos me perguntam porque eu insisto em criar projetos literários tão cansativos e pouco rentáveis,como as Seletas e Oficinas.

As Oficinas de Contos abrangendo crianças de escolas públicas,cujo acesso á boa Literatura é mínimo,tinha como objetivo descobrir talentos desde cedo,como aliás faz a Alemanha com seus pequenos nos campos de treinamento esportivo.E,trazer para o mundo dos livros aquele menino ou menina que,mesmo não tendo talento para escrever,será ,com certeza,um excelente leitor ,no futuro.

Esse projeto,desenvolvido em Salvador,onde perdeu para um sarau musical de periferia e em outros Estados brasileiros onde foram cumpridas todas as tarefas,perdeu-se na burrocracia destes governos que,incentivaram os escolares e depois os deixou na maior frustração,por não terem seus trabalhos publicados e transformados em livros,como lhes  foi prometido.Influência de cachorro capado,diria meu pai no seu linguajar de roceiro,franco e honesto.Vítimas deste desânimo fomos nós,também,os professores e eu.

O mesmo quase se dá com os projetos que criei de livros coletivos para baratear o custo da publicação,realizando o sonho do autor mais curto de bolso.E as Seletas,que visam divulgar os autores que não têm como background uma potente editora ou não conseguem ganhar os editais do governo,quase todos, cartas marcadas.

Damos nó em pingo d’água tentando baixar custos,abrir mão dos nossos parcos ganhos para que o autor possa participar,pois,comecei publicando em Seletas,Antologias e Coletâneas sérias e isto muito me ajudou a ser nacionalmente conhecida.

 

O que me espanta é o fato de muito autor recusar o convite e as vantagens oferecidas, por não ter nenhum interesse em divulgar seu trabalho ou por não querer investir um pouco em si mesmo, abrindo caminho para os livros ‘solo’,coisa para poucos privilegiados neste país,apenas os que podem pagar a feitura deles ou são “amigos do rei’.

 

Bom,  faço minha parte; uso o fato de não precisar de uma editora para viver e,assim,poder compartilhar com outras pessoas cujo trabalho admiro e acredito,a feitura,divulgação e apresentação deste trabalho dentro e fora do país como acontece desde o ano passado.

 

Isto me faz lembrar a piada do Jacó que todo dia incomodava o bom Deus Jeová pedindo para tirar na loteria.Um dia Jeová perdeu a sua eterna paciência e disse pra ele:

 

-Tudo bem,Jacó,quero te ajudar,mas,ao menos,compra o bilhete.

 

Comprar o bilhete que pode começar a  lhes abrir o portal  da fama parece muito difícil para alguns dos nossos escritores ou candidatos a...

 

 

Assim nem eu nem Jeová podemos fazer nada!..

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Aparecida Cotrim Amaral

UM LINDO PRESENTE
(para meu pai )
Nas infinitas lembranças
Do meu amado pai sábio 
Trago histórias registradas 
Em estradas feitas
Pelo passar da vida
Memórias aconchegadas
No sangue
Na alma
Que aquecem num acalanto
Enxugam o pranto 
Meu coração acalma
O calor do seu peito forte
Nosso amoroso abraço 
E suas mãos calejadas
Faziam mágicas 
De onde surgia as vezes
Deliciosa doce melancia
Disputada cachaça Caiçara
Suculenta manga espada
Pendão suado do arrozal
A festa na terra molhada
E suas mãos calorosas
Também registravam 
Respeitar 
Reconhecer
Obedecer
O limite da sua autoridade
Com indicador em riste
Um eco do não retumbava
Pelos quatro cantos da casa
Abria precedente aos livros
Pongar no trator provedor 
Os espetáculos do circo
Sorriso prudente e protetor
Nas noites sentava na calçada
Cruzeiro do Sul ou Estrela Dalva
As fases da lua e as três Marias
Ouvia distraído causos engraçados
Mas as suas mãos marcadas
Do sol
Do suor
Da labuta
Despertavam todos os exaustos
Ao bater palmas exigia concentração
Arrebatava atenção total e aplaudia
Surpreendia tal abrangente alegria
Enquanto eu tão exitosa e contente 
Aos quatro anos recitava
A sua mais preferida poesia
“UM LINDO PRESENTE”
Aparecida Amaral
Salvador, 30/7/2018

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