O ser tão mar
Ser tão assim: mar vermelho em travessia retirante a pé enxuto, sem água de beber, mas o sangue a sair das veias no meio da noite ou em sol a pino...
A terra como espelho da vida: árida, severina.
O nó destino a desatar. A luta por um pedaço de chão para plantar e colher, quando chover, pois não se perde a esperança de ver outro verde além do mandacaru.
A sina quem assina é Deus, mas quem assassina é o homem. A pobre essência humana avança pelo latifúndio no interior deste país; no meio urbano, ela se alastra pelo consumismo. Na cidade, há outra seca: – a insegurança.
É preciso ter coragem para, entre a realidade e a ficção, expor a verdade pelo fio da linguagem. Ângelo Romero aceitou o desafio de seguir pelas margens do Rio São Francisco e penetrar no ser-tão complexo que está em toda parte, até dentro de nós.
O enredo afia-se por língua de cego que enxerga por outros olhos. A consciência sente e não consente a injustiça. Carcará, cascavel, fio de faca, a morte tem muitas vias.
Ser forte, antes de tudo. O conflito maior é do homem com Deus, uma vez que não acha explicação por ser tão por nada. O templo é o coração. Em procissão, segue o povo com um andor nos ombros. Rogam por água, pão, terra e trabalho para não viver de mão estendida.
Em Euclides, Graciliano, Rachel, Guimarães, Cabral, Portinari, Gonzaga, Ângelo, o sertão se projeta em linguagens diversas para dizer: – estou vivo.
Urubus voam em círculo para anunciar que há bicho morto. Mas basta o molhado da chuva para o sertão vi-verdejar.
Aviso: há cenas de realidade explícita neste livro.
O Mar do Sertão
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